Portfólio Permanente

A estratégia do Portfólio Permanente é baseada nas ideias do autor e investidor americano Harry Browne.

Essa é uma estratégia que pode complementar a estratégia de preço médio mas que não foca em ativos específicos mas sim nas classes macro de ativos.

Estratégias Macro (de macroeconomia) focam nas grandes classes de ativos — ações, títulos do tesouro, commodities, dinheiro — e seus movimentos em relação a fatores macroeconômicos e geopolíticos.

Assim, ao invés de focar na escolha de uma empresa específica, essa estratégia analisa o movimento das ações como um todo (através de índices como o IBOVESPA ou de setores da indústria.

Para implementá-la os investidores fazem muito o uso de ETF, que facilitam a execução.

Fundamentos da Estratégia

A estratégia se baseia em argumentos como:

  • O preço dos ativos será influenciado pelos ciclos econômicos, alternando períodos de baixa e alta;
  • Algumas classes de ativos são inversamente correlacionadas, isto é, enquanto um cai outro sobe e vice-versa;
  • Algumas classes de ativos protegem bem da inflação e outras não; e
  • A diversificação entre classes reduz o risco, reduz a volatilidade e melhora os retornos.

Execução

No livro, sugere-se que o investidor mantenha uma carteira de investimentos representada por:

  • 25% em ações;
  • 25% em títulos públicos de longo prazo (mais que 20 anos)
  • 25% em ouro; e
  • 25% em dinheiro.

A sugestão dada é que o investimento em:

  • Ações: seja feito através de índices amplos;
  • Títulos Públicos: seja feito através de títulos de longo prazo (vendendo sempre que eles baixarem desse prazos e comprando novos títulos)
  • Ouro: seja feito diretamente no metal (por exemplo, em moedas ou barras); e
  • Dinheiro: títulos de curto prazo do governo.

Ajustes

À medida que o tempo vai passando e o preço dos ativos se altera, ou investidor faz novos aportes, será necessário fazer ajustes para manter os percentuais base da carteira.

O autor sugere uma faixa de +/-15% de tolerância, a partir da qual o investidor deve tentar reduzir o mais valorizado e investir mais recursos no ativo que está para trás.

O ideal é utilizar os valores no ativo "dinheiro" para fazer esse rebalanceamento, pois evita taxas de negociação e perdas.

No entanto, não se descarta a possibilidade de vender ativos muito valorizados e comprar os menos valorizados.

Essa também é uma forma de diversificação no fator "preço de compra" e pode ajudar o investidor a acertar "comprar na baixa e vender na alta".

Portfólio Permanente no Brasil

Deve-se observar que o livro foi escrito para investidores americanos.

Em geral, o mercado financeiro considera os mercados emergentes como o Brasil como de alto risco e especulativo.

Assim implementar a estratégia no Brasil exige certas adaptações.

Para um investidor brasileiro, o dólar ou investimentos no exterior podem representar uma da classes de ativos do portfólio.

Ações

O índice IBOVESPA é demasiadamente afetado pelas grandes empresas da Bolsa e acaba sendo muito cíclico e pouco eficiente para implementar essa estratégias.

Além disso, diferente do mercado americano, a oferta de ETF que replicam os índices é bem restrita.

O investidor pode tentar fazer sua própria seleção de empresas ou usar ETF de índices amplos e melhor distribuídos como o IBrX 100 e o Índice de Small Caps.

Títulos Públicos

A indicação do autor é manter-se sempre com títulos com vencimento em20 anos ou mais na carteira e vender sempre que o título baixar desse prazo.

O intuito é aproveitar-se do duration dos títulos e da variação que eles sofrerão no preço com a variação das taxas.

No Brasil, a oferta de títulos públicos é bem mais restrita que nos EUA e o risco de títulos longos é considerável.

Uma estratégia mais interessante, talvez, seja ter uma carteira de títulos públicos bem diversificada:

  • Nos diversos tipos de títulos;
  • Com diversos vencimentos; e
  • Compras periódicas para aproveitar diferentes taxas.

Fazendo isso, os títulos de prazo mais longo sofrerão influência da marcação à mercado e podem ser vendidos em momentos de supervalorização, ou podem ser, como os demais títulos, levados até o vencimento aproveitando-se de taxas vantajosas obtidas com as compras periódicas feitas em momentos de taxas altas.

Ouro

Apesar de ser possível investir diretamente em ouro no Brasil, não é uma tarefa tão simples e o risco de ter perdas pode superar em muito os benefícios.

Estrangeiros de países de primeiro mundo consideram o ouro físico como uma proteção à governos tirânicos e colapsos nos sistemas financeiros.

Para os brasileiros, as moedas de primeiro mundo fazem o papel do ouro, pois a chance da moeda brasileira sofrer uma hiperinflação e perder seu valor é muito maior do que o mesmo ocorrer com o dólar.

Assim, é perfeitamente factível substituir essa parte do portfólio por investimentos no exterior, até mesmo o investimento direto em moeda mais forte (como o dólar e o euro, por exemplo).

Dinheiro

O autor recomenda deixar essa parte do portfolio em títulos de curto prazo do governo.

No Brasil, isso pode ser feito comprando-se Tesouro SELIC.

No entanto, o título mais curto normalmente tem vencimento para somente depois de dois anos (em contraste com os títulos americanos que tem para 1 mês ou até menos).

Assim, pode ser interessante dividir essa parte do portfólio em títulos bancários com resgate automático (como os CDBs) que pagam rendimento semelhante ao Tesouro SELIC mas tem melhor liquidez.