CONTEÚDO
Beta
O que é Beta?
Beta (da letra grega β) é um termo utilizado para indicar:
- Uma medida estatística de risco sistêmico; ou
- O coeficiente beta, uma medida de volatilidade de um ativo financeiro específico em comparação ao risco sistêmico.
Risco Sistêmico
O risco sistêmico é o risco intrínseco ao sistema financeiro como um todo.
Por exemplo, uma empresa do setor petroleiro está exposta aos riscos específicos deste setor tal como uma queda no preço do barril.
Já uma empresa do setor de informática pode não sofrer qualquer tipo consequência relacionada a variações no preço do barril de petróleo.
No entanto, existem riscos como, por exemplo, uma depressão econômica, que afetam a todas as empresas. Este é um exemplo de risco sistêmico.
É comum que o mercado utilize algum índice amplo de preço como uma referência de risco sistêmico.
Por exemplo, para as ações, pode ser utilizado o índice IBOVESPA. Dessa forma, as variações do índice indicariam um beta de 1.0.
Coeficiente
O beta de um ativo específico compara a volatilidade deste ativo em relação ao risco sistêmico, caracterizado por algum referencial amplo, tal como o IBOVESPA, conforme comentado anteriormente.
Neste caso, a volatilidade do ativo em relação à referência é vista como uma forma de se medir o risco especifíco do ativo.
Além disso, assume-se que o preço das ações segue uma distribuição normal, isto é, movimentações extremas seriam a exceção.
Por exemplo, digamos que estamos comparando a ação da empresa INVESTINDO S.A. em relação ao índice IBOVESPA.
Se o beta da ação for:
- 1.0: a ação seguirá o mesmo movimento do índice. IBOVESPA sobe 10,00%, ação sobe 10,00%. IBOVESPA cai 10,00%, ação cai 10,00%.
- 0.5: a ação será menos volátil que o índice; IBOVESPA sobe 10,00%, ação sobe 5,00%. IBOVESPA cai 10,00%, ação cai 5,00%.
- -1.0: a ação terá uma correlação inversa com o índice. IBOVESPA sobe 10,00%, a ação cai 10,00%.
Origem
O beta é uma tentativa de quantificar o risco de um ativo ou grupo de ativos financeiros utilizando-se métodos estatísticos.
Costuma ser utilizado em conjunto com modelos teóricos que buscam encontrar formas estatísticas eficazes de analisar aspectos como: preço de ativos; risco intrínseco do ativo; gestão do risco/retorno etc.
São modelos como:
- Teoria Moderna do Portfolio (TMP), ou modern portfolio theory (MPT) em inglês; e
- Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (MPAF), ou capital asset pricing model (CAPM) em inglês.
Como calcular?
De maneira simplificada, o beta é calculado da seguinte maneira:
$$ Coeficiente\ Beta = {{Covariância(R \small e , R \small m)} \over Variância(R \small m)} $$
Onde:
- Re: Retorno de um ativo específico;
- Rm: Retorno do mercado em geral;
- Covariância: relação entre variações no preço do ativo e do mercado; e
- Variância: distribuição dos dados em relação à média.
Beta e o Investidor
O beta costuma ser utilizado como uma referência de risco.
Assim, quanto mais próximo de 0, menor o risco específico do ativo em relação ao mercado.
Por exemplo, digamos que você inicie uma carteira de investimento em ações e utilize o IBOVESPA como referência de risco.
De acordo com a teoria estatística do beta, se suas ações tiverem beta acima de 1.0, você estará se expondo a um risco maior do que o IBOVESPA e, dessa forma, deverá esperar ter um retorno maior do que o índice para recompensá-lo quanto ao risco a que está se expondo.
Avaliações estatísticas, tais como o beta, são muito utilizadas por instituições financeiras e gestores profissionais de recursos como forma de avaliarem seu desempenho e o risco a que expõem seus recursos.
Dessa forma, é comum que o investidor se depare com estes termos ao avaliar ativos tais como os fundos de investimento
Sempre que se deparar com a análise do desempenho de um ativo que utiliza o beta, o investidor deve:
- Conhecer como os cálculos envolvidos são realizados; e
- Analisar se o benchmark utilizado realmente tem sentido.
Por exemplo, não faz sentido utilizar como referência para o beta de Fundos de Investimento Imobiliário (FII) o índice IBOVESPA, que é composto de ações e cuja variação de preço não tem qualquer relação com os FII.
Aspectos Negativos
A teoria do Beta leva em conta dois princípios:
- Considera-se que o preço dos ativos obedecem à uma distribuição normal; e
- A volatilidade é entendida como o risco de um ativo.
No entanto, no mundo aleatório do mercado financeiro, a movimentação dos preços não se preocupa com valores médios e desvio padrão.
Movimentos de preço extremos são prováveis mesmo em ativos com longo histórico de baixa volatilidade.
Além disso, volatilidade não necessariamente se iguala a risco.
Podem existir ações com baixa volatilidade (beta próximo de 0) e que estejam em uma tendência de queda no preço ao longo do tempo. Adicionar essa ação a sua carteira não ajudará em nada na sua performance.
Por fim, o beta é baseado em dados históricos que podem não se repetir no futuro.